sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O dia amanheceu e eu ainda estou lá, parado naquele mesmo lugar...




Pelo que me lembro não sei como cheguei lá, mas lá estava eu e a minha solidão. Quando acordei minha mente estava insana, havia muitos pensamentos, várias idéias. Eu estava quase louco com todas aquelas vozes que me apontavam um milhão de caminhos diferentes. Como é difícil acordar de manhã e não saber o que fazer. Tantos caminhos para percorrer, tantos rumos para se tomar, mas eu ainda estava lá, parado naquele mesmo lugar...

Tentei entender aonde eu estava. Eu queria realmente compreender o meu lugar. Eu olhei para trás na tentativa de buscar aquilo que se perdeu pelo caminho. Ora, se estou aqui, algum caminho percorri. Existe um passado que determina meu futuro. Só que mais uma vez me vi frustrado. Não havia sequer sombras do caminho que eu havia percorrido, não havia passado. A única coisa que existia naquele momento era o hoje, o agora, este momento. Era como se tudo tivesse sido apagado da minha mente, uma verdadeira amnésia existencial. Só me restavam algumas lembranças vagas, afloradas em mim através de sentimentos, emoções. Era como se eu não existisse na realidade, cheguei até pensar isso, mas eu ainda estava lá, parado naquele mesmo lugar...

Eu olhei ao meu redor buscando entender minha vida. Alguns cadernos rabiscados, um violão velho encostado na parede, aquela cama desarrumada, as roupas jogadas em cima dos móveis, os calçados sujos. Traços de uma vida confusa, de alguém que não sabe o que fazer. Às vezes a incerteza é a nossa única certeza, pois não sabemos quem somos, de onde viemos e pra onde estamos indo. Vários caminhos para percorrer, muitas palavras para se acreditar, muitos propagando certezas, mas do que se pode ter certeza? Quais são os paradigmas, os padrões? Tantos devaneios... e eu ainda estava lá, parado naquele mesmo lugar...

O dia enfim terminou e eu ainda continuo lá, parado naquele mesmo lugar...

LuiZ AntoniO

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Saudade.

Saudade

Eu também sonho com a liberdade.

Sinto saudades de algo que não sei bem ao certo se conheço. Acho que deve ser do paraíso perdido. Eu sinto falta das flores, dos riachos, dos pássaros, da comunhão desinteressada com o divino...

Sinto meu corpo pedindo um pouco de paz.

Minhas mãos trêmulas, tocam minha realidade.

Meus pensamentos inúteis tentam entende-la

A vertigem que me acomete traz medo, mas sei que seguindo em frente, posso descansar...

“Saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar” (Rubem Alves)




quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Frágeis



Eu gostaria de ler todos os livros, seguir todos os caminhos, provar todos os vinhos e experimentar todas as emoções.

Mas eu e você sabemos: somos pequenos demais diante das aventuras que a vida nos oferece...

A fragilidade de uma criança...

Devaneios na Madrugada


Eu sinto peso do ar invadindo meus pulmões.

Sinto a vibração do meu sangue a cada batida do meu coração.

São 00:07 da madrugada e ainda estou aqui tentando entender isso tudo. São tantos planos, tantos pensamentos... As incertezas se apossam da minha alma e uma dor terrível invade o meu coração. Aonde foi que eu errei? O que aconteceu? Como cheguei até aqui?

Basta! Já estou cansando dessas respostas prontas, genéricas e abstratas, que não levam em conta que cada pessoa é um ser humano individualizado, com problemas próprios e contextos diferentes. O que é essencialmente bom pra mim pode não ser para você... e o que fazer?!!

Sinceramente, não sei! Não sei o que te dizer... Não sei o que estamos fazendo aqui...

É estranho, eu sei! Não estamos acostumados a ouvir isso... apregoa-se por aí certezas, respostas prontas, supostamente se anuncia um lugar seguro onde nada poderá nos abalar...

Será que isso tudo existe?

Não sei! A única coisa que sei é que aqui dentro existe um vazio que corrói, uma dor que me inquieta, uma solidão que me faz com que eu me encare de frente. E o que eu vejo? Não vou te dizer, mas tenho medo do que vejo. São muitas faces, muitos anseios, milhares de vozes. Mas sou só mais um garoto latino-americano à procura dos olhos certos...

Depois disso tudo eu ainda estou aqui.

São 00:13 da madrugada.

Quero dormir, mas não sei se os meus pensamentos deixarão meu corpo descansar. Preciso de um pouco de paz: aonde procurar?

“Por que estás abatida ó minha alma? E por que te perturbas dentro de mim?
Espera em Deus, pois ainda o louvarei. A Ele: Rei Meu e Deus Meu. (Davi)”

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O QUE SERÁ QUE AS PESSOAS PENSAM DE MIM?

Às vezes, quando estou andando pelas ruas, me pego pensando no que as pessoas ao meu redor estão pensando de mim. É estranho, eu sei. Mas eu fico imaginando essas coisas. Eu queria poder entrar na mente das pessoas e vasculhar os seus pensamentos enquanto elas me olham.

É interessante notar o quanto somos influenciados pelo que as pessoas pensam a nosso respeito. Existe gente que faz suas escolhas, influenciados pela opinião de outras pessoas. Elas sempre têm aquele “conselheiro de plantão”. “Será que faço isso?”
Sutil engano!
Negamos nossa própria essência a fim de satisfazer o desejo das pessoas. No final, somos só nos mesmos diante daquele espelho nos perguntando aonde fomos parar.
Somos muito mais do que aquilo que as pessoas pensam a nosso respeito. Se você tivesse conta disso, poderia ir muito mais longe, mas no final, e só você contra você mesmo. Seguimos outros caminhos porque temos medo de nos encarar de frente. Eu confesso, às vezes me pego fugindo de algo, e no final, estou fugindo de mim mesmo. É decepcionante! É vergonhoso!
O que será que há por trás de todos esses pensamentos?
Então volto do meu devaneio. Eu ainda estou no meio da rua imaginando o que aquela senhora de cabelos grisalhos que me olha estará pensando. No final, descubro que na verdade ela estava tentando ver a placa da loja que estava atrás de mim. Que coisa! Descubro que todos aquelas suposições que eu fiz, na verdade não passavam de variações do que o que eu penso sobre eu mesmo.
Meu Deus! Quanta confusão!
É melhor deixar isso pra lá! São só devaneios da minha cabeça. Se você nunca passou por isso, desconsidere tudo o que eu lhe disse. Eu devo ser louco mesmo.
Mas lembre-se: entre a loucura e a lucidez, o que nos separa é uma linha tênue.
Podemos estar mais pertos da loucura do que imaginamos.
Estar lúcido pode ser um engano.
Pode não passar de uma bela suposição do que somos realmente.
“ ‘Fui eu que o fiz’, diz minha memória. ‘Não posso ter feito isso’, diz meu orgulho e mantém-se irredutível. No final, é a memória que cede.” (Nietzsche)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

É hora de aprender a Dançar


É momento de tomar decisões, abrir mão de certas coisas em busca de um futuro melhor. É hora de criar coragem para ser diferente e viver por um ideal. É preciso sair do poço de mediocridade, acreditar na voz da consciência. Deixar de lados os medos, ou melhor, encará-los de frente e vencê-los. Somos maiores do que as coisas que podem nos acontecer.

A busca por um mundo melhor começa numa mudança de disposição mental. A gente decide ser diferente e ser autêntico, seguindo a voz da consciência, deixando para trás as inseguranças e caminhando à procura de dias melhores.

As incertezas! Ah! Elas me fazem esperar...
Elas são a melhor coisa da vida. Elas abrem espaço para as surpresas, para os eventos inesperados, onde somos convidados a dançar conforme a música. Ah! A música... Essa linguagem universal que comunica a esperança sem dizer uma só palavra.

É! Preciso mergulhar no meu interior. Ouvir a voz da minha consciência e parar de ir contra ela. Chega! É hora de ser eu mesmo, é hora de acreditar em mim, seguir meus sonhos e deixar de ser medroso.

A vida é uma bela mulher me convidando a dançar.

Mas eu não sei dançar!..
Deixa pra lá!
É hora de aprender a dançar!

Luiz Antonio, 11:24,
Apucarana, 05/09/2008.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A Primavera

A vida pode até ser irrisória...

Podemos pensar nas injustiças cometidas ao longo da história, nas milhões de vozes que, por falarem a verdade, foram caladas brutalmente por aqueles que preferiam o poder. Lembraremos das pessoas necessitadas que neste momento não têm sequer o que comer, enquanto poderosos discutem o destino de mundo em busca dos seus interesses sem importarem-se com o que está acontecendo.

Boa noite! Diz o pai alegre à sua filha antes de dormir. Quanta alegria ele compartilha naquele momento. Mas o que diremos àquele pai que vai dormir hoje à noite sem ter o que dar de comer aos seus filhos. O choro entalado em sua garganta ecoa em meus pensamentos como se uma flecha atravessasse meu coração. O que dizer à bela moça que olha seus filhinhos dormindo e chora por não saber o que será do dia de amanhã. O que dizer aos milhões de desabrigados, famintos, õrfãos, abandonados, carentes?..

Prefiro acreditar na bondade de Deus e tentar reconstruir os muros...

É hora de acordarmos de nosso sono de mediocridade e percebermos que existe um mundo aí fora louco para nos devorar. Precisamos compreender que existem pessoas morrendo ao nosso redor precisando de nossa ajuda. Nossas palavras, nossos gestos poéticos, as nossas atitudes. Somos máscaras de Cristo, embaixadores da graça, como se Cristo se manifestasse através de nós. Vivendo a partir de Deus, falando a partir de Deus, amando a partir de Deus...

Vamos correr em busca das verdades e construir nosso caminho. Vamos abrir nossa visão e enxergar além do que os olhos podem ver. Acreditar num mundo melhor não basta, é preciso vigor e coragem e partir pra luta.

Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira (Che Guevara).

Luiz Antonio, 11:30,
Apucarana, 25 de Agosto.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Certo da Incerteza




Às vezes eu me sinto assim, perdido em meio a tantas direções.

Parece que ao mesmo tempo em que todas os caminhos são sugeridos, todas as decisões são duvidosas.

Eu queria certezas aonde repousar meu coração, solo inabalável aonde colocar meus pés. Mas entendo que a “dúvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza” (Sartre – Gessinger). As certezas são falácias que com o pretexto de alimentar o desejo do nosso coração nos propõem gaiolas aonde somos docemente aprisionados com nossos medos.

E eu continuo aqui...

Parado na encruzilhada das decisões. Tantas setas, tantas direções, tantas formas de se ver as coisas. Parece que um turbilhão de idéias me tomam. Sinto como se quisesse estar em todos os lugares, em todos os tempos. Mas ao vislumbrar o vôo daquele pássaro me lembro das palavras de Jesus: “Olhai para as aves do céu...”. Lembro-me da minha fragilidade, da minha limitação. Será que minhas preocupações serão capazes de me acrescentar um dia de vida?..

É certo que não há sentido algum nisso tudo...

Só existe um caminho a ser percorrido e esse caminho só eu posso percorrer (Renne). Mas o caminho se faz caminhando.

As minhas certezas são estão destruídas, os meus conceitos são dissipados. A única certeza é a incerteza do amanhã (CPM 22).

Só me resta o apego às coisas que “não existem”. Pois o que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem (Paul Valéry). Essa é minha fé: a convicção das coisas que não existem. O poderoso olhar além do que os olhos podem ver...

Mesmo assim, com dúvidas, incertezas, medos, angústias... Procuro um lugar, sem saber se estou no lugar...

Continuo meu caminho pois...

...a incerteza quanto ao que me esperar na próxima esquina é o que me faz caminhar... (Beeshop.).


Luiz Antonio, 10:40
28/07/2003
Apucarana/PR

quarta-feira, 25 de junho de 2008

O Inverno



O inverno vem aí!

Não há como evitá-lo!

É preciso encará-lo de frente e suportar os ventos frios que sopram sobre nossas cabeças. Os cenários são de dores: dor da solidão, a dor da angústia, a dor da fraqueza... Mesmo assim não vou desistir, minha lei é seguir em frente.

A esperança é minha fé. Ela é como uma estrela. Estrelas só brilham durante a noite, bem longe da luz do dia. Só quem sente os ventos frios do inverno e a escuridão das noites pode ver as estrelas, só quem vive a dor e a solidão das crises sabe o que é a esperança (Rubem Alves). Talvez as estrelas que vemos durante a noite nem existam mais, mas nossos olhos vêm bem ao longe seus últimos fachos de luz irradiados daquela estrela que está bem longe, mas que ainda nos encanta. Assim é a esperança. Ela é como um gesto poético e profético, pois chama à existência aquilo que ainda não existe. É o nosso socorro, pois o que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem... (Paul Valéry).

Eu sei que a dor da solidão e o frio do inverno amedrontam. Quando anoitece as coisas podem até piorar. Apenas o eco do silêncio pode ser ouvido dentro de mim. É tempo de se calar. Tudo tem seu tempo determinado (Salomão).

Vou lá fora procurar uma estrela no céu. Quem sabe assim eu me esqueça da dor e sinta bem forte em meu peito as luzes das estrelas me invadirem e minha esperança ressuscitando meus pensamentos e me dando asas pra voar...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Como se fosse a primeira vez...



O passado que sempre nos acompanha, as lembranças que nunca se vão, aquela música que te faz sentir o que você acreditou não sentir mais, sentimentos que não morreram, mas que continuaram vivos dentro de nós. É estranho pensar que aquilo que acreditávamos não ter mais volta de repente acontece de forma tão natural e apaixonante, uma verdadeira surpresa da existência, como se o destino tivesse reservado esse momento pra nós. Um encontro que surgiu do desencontro.

Eu a vi ali sozinha e não pude segurar o sentimento que nasceu em mim, que me deu asas pra voar...

Foi isso que aconteceu quando a vi novamente. De repente minha alma foi tomada de um sentimento tão súbito que não entendi o que estava acontecendo: eu estava me apaixonando. Eu a olhei nos olhos, a abracei. Há muito tempo não sentia aquela sensação. Foi uma emoção que tomou conta de mim rapidamente e que me fez sentir de novo todo aquele amor que eu havia experimentado durante alguns anos passados.

É!
Nunca se esqueça do seu primeiro amor, você pode encontrá-lo naquela praça que você nunca imaginou, da forma como você nunca planejou, no tempo que você nunca esperou...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Sobre o Sentido da Vida e o Filtro Solar




Li uma crônica hoje sobre o sentido da vida.

Essa é uma daquelas questões que me deixam com olheiras. Sempre que me sinto triste, abatido, me coloco a pensar sobre o sentido da existência. É sempre assim: o homem só para pra pensar na vida quando as coisas “apertam”. Muitos se propuseram a pensar sobre o real sentido da vida, todos sem êxito. Talvez a única razão da vida seja esperar a morte, talvez sejamos fruto do acaso, talvez nem haja razão mesmo. Qual é o sentido da vida?

As religiões foram criadas para isso. A partir do momento no qual o homem fez essa pergunta a si mesmo e se viu perdido sentiu a necessidade de criar para si algo superior, místico, algo que desse sentido a sua vida. Normas, padrões, ética, frutos dessa tentativa tola. Um amigo me disse que o homem cria as coisas e se torna escravo delas. Interessante afirmação. O homem criou o dinheiro e se tornou escravo dele, criou a religião e se tornou dependente dela. Mas ele me fez pensar mais fundo e me disse: o homem criou as palavras e se tornou servo delas. Como pode ser? Como uma palavra pode me escravizar? Não são as palavras em si, mas sim o sentido que atribuímos a elas. Funciona assim: as coisas são os nomes que lhes damos. O homem criou palavras tais como: inferno, céu, julgamento, condenação; atribui sentido a elas e se tornou escravo das mesmas. Quanta tolice! Tudo isso na tentativa de atribuir sentido a nossa própria existência.

Nesse processo cada vez mais o homem se se desumanizou. O ser humano simplesmente se esqueceu de “ser humano”.

Você pode me perguntar: mas qual é então o sentido da vida?

Serei sincero o bastante pra te responder: não sei!

E ainda ficarei feliz com isso.

Estarei reconhecendo minha humanidade, minha finitude e meus limites. Não tentarei te convencer de nada. Apenas farei com que você pense e pare de se preocupar em ser feliz. Na verdade o ser humano é o único animal que se preocupa em ser feliz, enquanto os outros simplesmente são. Engraçado! Não crêem na palavras de Jesus. Disse ele: “não se preocupem com as suas vidas, nem como dia de amanhã. Se Deus cuida até dos pássaros deixaria ele de cuidar de vocês homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem com o amanhã, mas vivam o hoje, pois cada dia trará consigo suas próprias preocupações”.

A única conclusão a que chego é: a vida acontece hoje. Desse modo “Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente.” (Rubem Alves).

Pra finalizar essa conversa de mesa de bar deixo as palavras de um grande amigo:
“Nunca deixe de usar filtro solar. Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro seria esta: use filtro solar!”


Sola Libertad


Luiz Antonio

11:30 do dia 1º de maio de 2008.

Dia dos Trabalhadores ou Dia daqueles que se preocupam.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Eu e o Vento


Hoje eu senti a dor e o desespero invadirem meu coração. Eu não sabia o que fazer! Não sabia para onde ir! Eu estava tão distante de mim! Eu tentei voltar atrás, achar uma ponte para retornar. Mas eu havia queimado as pontes, na havia como voltar, o jeito seria prosseguir. Mas, às vezes, o fato de não olhar atrás e seguir em frente nos deixa tão vazios. Parece que não se sabe aonde ir. É como dar um salto no escuro, viver de incertezas, não saber o que se é para simplesmente ser.

Emoções à flor da pele. Uma canção que ecoa no silêncio. Um livro tão lindo que não consigo ler. Uma presença ausente que me inquieta. Sentimentos sombrios que me fazem delirar. Verdades que não consigo compreender. Uma vida que não consigo pensar.

Hoje eu olhei para mim.

Vi um menino indefeso. Um garoto inocente. Um rapaz malicioso. Um homem mal. Uma criança encantada. Várias faces, um mesmo ser. Muitas personalidades, uma só pessoa. Tudo flui.

Não sei de onde venho, nem para onde vou. Como o vento que sopra pela Terra. Com ele eu sigo nessa caminhada de desconstrução, desintegração. Desfazendo-me de mim e unindo-me ao Uno que a todos traz vida.

É! Quem quer que eu seja, sou Teu (Bonhoeffer).

“O Vento sopra aonde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito (Ruah – o Sopro – O Vento).”

terça-feira, 18 de março de 2008

O Terceiro Céu e o Espinho na Carne



Eu vi minha imagem refletida naquele espelho e por um instante viajei na silhueta projetada do meu lado. A dimensão que me envolveu naquele momento era algo transcendental, místico, algo que tocou minhas emoções, uma viagem louca que me transportou à dimensão da poesia.

Naquele lugar lindo pude encontrar as verdades que tanto procurei. A melodia que tocava lá trazia paz ao espírito. Ouvi o canto dos pássaros, senti o perfume das flores, encantei-me com os rios de águas cristalinas que brotavam das montanhas e bebi daquela fonte uma água tão deliciosa como jamais provei em toda a minha vida.

No mesmo instante comecei a ouvir vozes. Elas vinham de trás das montanhas. Muitas vozes. Não conseguia distingui-las. Todas elas diferentes entre si. Elas me atormentavam. Eram como demônios. Eram demônios da minha alma. Vozes que tentavam me escravizar. Aquilo abalou meu momento poético e me fez descer da pretensa ilusão.

No mesmo instante que subi aos céus desci ao inferno.

Tentei entender o que estava acontecendo. Tentei voltar ao lugar das delícias e tentei discernir aquelas vozes. Minhas tentativas foram em vão. Continuei perdido naquele mar de ilusão. Tentei expulsar aquelas vozes de mim ou ao menos tapar os ouvidos, mas elas me esbofeteavam, me revelavam verdades que eu não queria ouvir. Eu queria mesmo era voltar àquele jardim maravilhoso, ao lugar das delícias.

Nesse momento entendi que aquela dialética existencial era necessária ao meu crescimento. Eu necessitava desse embate de sentimentos contrários entre si para encontrar a síntese que me transmitisse a graça. Entendi que todo poder deve vir acompanhado de uma fraqueza para não se transformar num demônio em nossa existência.

Depois disso, abri os olhos e olhei a minha frente: eu ainda estava lá! Era eu naquela imagem refletida no espelho. Era eu lutando contra eu mesmo. As vozes, o inferno, o jardim, o céu: tudo estava ali, dentro de mim.

Encarei-me de frente, toquei minhas mãos no espelho, respirei fundo e clamei:

- Afasta de mim essa dor!

Então Ele me disse:

- A minha graça te basta, pois o poder se aperfeiçoa na fraqueza!

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

CRISE: Oportunidade de Crescimento



Ilusão. Falsas verdades. Auto-engano. Palavras que definem a sociedade atual. Homens que criam conceitos para satisfazerem sua necessidade de aceitação, de reconhecimento. Os homens fogem do verdadeiro encontro com sua própria essência da mesma forma, como no ditado popular, “o diabo foge da cruz’”. Sem ao menos perceberem, vivem num eterno conflito interior, nunca conseguem escapar da crise da meia noite.

A mente que vive lutando contra si mesma nunca prevalecerá sobre a realidade. A realidade é cruel, traz perplexidade, mostra a verdade, desfaz nossas certezas. Eu sei, é mais fácil criar para si uma outra realidade, uma outra verdade, onde podemos nos sentir mais tranqüilos. Mas nunca conseguiremos escapar da realidade. Ela vem como aquele demônio que nos atormenta, como uma insônia que nos tira o sono, uma lembrança que não nos deixa em paz, uma crise que insiste em nos enlouquecer.

Encarar a si mesmo de frente é o maior dos desafios. É preciso encarar o alter ego, o outro eu que nos deixa perdidos. Encontrar uma síntese existencial aonde a interpenetração dos contrários nos traga as verdades da existência. Esse é o desafio: não fugir da realidade, mas encarar a verdade; não se esconder de si mesmo, mas encarar o medo.

Você está pronto para essa aventura?

Caso esteja, venha! E caminhemos juntos rumo ao encontro no jardim!

Lá! Aonde as dúvidas serão respostas e as lágrimas serão alegrias.

Sola Gratia.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Encontro no Jardim



Talvez eu deva me esquecer de tudo o que aconteceu
e tentar prosseguir sem olhar pra trás.
Quem sabe tentar esquecer a dor,
ganhar os horizontes em busca da paz.

Talvez seja preciso desaprender tudo,
quebrar as correntes e cometer o pecado.
Descobrir o prazer nos ares da alegria,
viver cada dia e esquecer o passado.

Lá! Aonde as dúvidas não existem mais
e o pra sempre é tão tangível como uma flor.
Lá! Aonde os homens pode esquecer a dor.
Talvez seja lá o meu lugar,
lugar aonde a alma pode enfim descansar,
aonde o coração estará livre da saudade
e eu encontrarei pra sempre a liberdade.

Talvez a dúvida seja o princípio dessa fé
e tudo que eu preciso para saber da luz.
E então eu consiga romper os limites
e encontrar-me com aquele que morreu na cruz.


terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Aquela Emoção

Vejo aquelas crianças brincando lá fora,
chutando uma bola sem qualquer preocupação.
A imagem da inocência refletida naqueles olhos
me deixa angustiado, afeta minha emoção.

Sinto a alma de um velho doente
no corpo de um jovem abatido,
a dor do leproso carente
na imagem de um homem caído.

Faltam as palavras,
desaparecem os sentimentos,
só restam as lágrimas
e a distorção dos pensamentos.

Aqueles espíritos vêm me assombrar,
eles insistem em me tirar o chão.
Aquelas vozes vêm me amedrontar,
querem esfaquear meu coração.

Olho novamente aquelas crianças,
tento sentir o que elas sentem,
mas só me restam lembranças.
Vou lá perguntar se elas não me vendem...

... um pouquinho daquela emoção...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Um sonho de Liberdade

Liberdade é a melhor de todas as coisas a ser conquistada,
a verdade, lhe digo então:
nunca viva com os grilhões da escravidão.
(Willian Wallace)


Nos últimos dias, tenho refletido bastante sobre a liberdade. Fico pensando: o que é liberdade? O que é ser livre? Eu sei, é difícil falar sobre liberdade quando se vive num sistema regrado por leis que determinam normas de conduta e comportamento. Vivemos sob o império do Estado como instituição política e estamos subordinados às suas leis. Isso é o chamado contrato social que os homens celebraram e pelo qual renderam parte de sua liberdade em prol da vivência pacífica em sociedade (quem lê Rosseau que entenda). Mas em prol da reflexão quero falar sobre a liberdade de pensar diferente.

Instituições históricas sempre reprimiram aqueles que pensavam diferente. Poderíamos citar vários casos de pessoas que foram martirizadas por pensarem diferente e ansiarem por liberdade: Tiradentes, John Huss, Bonhoeffer, até Jesus. Tais homens tinham em comum o sonho pela liberdade. Queriam que as pessoas fossem livres e que pudessem ser e existir sem medo de repressões apenas dando asas as mais loucas aventuras do pensamento. Jesus disse certa vez: E quando vocês conhecerem a verdade ela os tornará livres. Em outras palavras, a essência da verdade reside na liberdade.

Lutero é um grande exemplo de um homem que sonhou com a liberdade e ousou ser diferente, ser ele mesmo. Atormentado com seus pecados descobriu no fundo do poço a essência da graça. Essa percepção trouxe a ele um insight, a sensação de que todos precisavam experimentar essa mesma graça que o havia alcançado. O justo viverá pela sua fé, para Lutero o homem deveria ser livre dos seus medos. Essa libertação só poderia ocorrer quando o homem percebesse que não seus méritos que o tornam justo perante Deus, e sim sua fé.

Numa primeira análise isso é muito lindo. O problema é que liberdade gera independência. O homem se tornaria independente da religião, pois sua fé estava em Cristo e o homem agora achegaria-se a Cristo sem a necessidade de mediação (doutrina do sacerdócio universal). Essa liberdade enfraquece o poder da instituição, pois a instituição depende de servos “fiéis” (robôs) que obedeçam seus ditâmes e nada questionem.

A teologia de Lutero foi o golpe fatal no espírito medieval e a luz no fim do túnel para a modernidade.

Vivemos dias difíceis. O protestantismo (consagrado no passado pela ousadia de pensar diferente) virou uma fábrica de salsichas. Padrões, paradigmas, leis, títulos. Até o livre exame das escrituras é condicionado pelos credos e confissões de fé. É até escândalo se falar em liberdade no meio protestante. Os que pensam diferente são considerados hereges subversivos que querem “corromper a fé”. Quanta besteira! Que fé é essa? Protestante tenho certeza que não é! Pois está muito longe do espírito do protestantismo.

Mesmo assim, eu ainda sonho com a liberdade. Quero ter asas e voar. Voar nas asas do pensamento. Tendo a certeza de que tudo está feito. Já está consumado! Cristo me libertou de forma que eu entro no mundo livre de tudo e de todos apenas com minha liberdade.

Livre da lei, vivo sob a graça.

Livre das instituições, sou amigo de Deus.

Livre das ambições megalomaníacas, sou eu mesmo sem repressões.

Livre!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

DESAJUSTADOS

Sempre temos um objetivo de vida, um lugar aonde queremos chegar, coisas que queremos ter.

As pessoas geralmente sonham com os mesmo ideias. Um bom emprego, estabilidade financeira, um bom casamento, enfim, quase sempre a mesma coisa. Basicamente, existe um ideal pré-fixado. Um paradigma. Algo que é posto pela sociedade como certo e que todos obedecem sem ao menos se questionarem da validade de tal padrão. Aqueles que não se encaixam nesse sistema acabam sendo considerados como “desajustados”.

Interessante é notar também a pressão que os “desajustados” do sistema sofrem para que se tornem pessoas “normais”. Aqueles que se sentem “ajustados”, pressionam os “desajustados” para que estes encarem a chamada “realidade social”. Isso é muito dolorido. Os homens querem padronizar comportamentos sem se darem conta de que Deus nos criou com características diferentes.

Somos como pássaros, já dizia Rubem Alves. Cada um com suas penas de cores diferentes, cantos e características próprias. Deus ama a diversidade, prova disso é a própria natureza. Somos seres diferentes uns dos outros. Não temos direito de padronizar ninguém. Se nem Deus quis isso será que nós temos esse direito?

Aos “ajustados” deixo minha mensagem: aprendam com os pássaros (Jesus já dizia isso).

Aos “desajustados” digo-lhes: não se sintam sozinhos. Fazemos parte de uma geração totalmente louca. “Não vemos graça nas gracinhas da TV e morremos de rir no horário eleitoral” (Humberto Gessinger). Somos diferentes e Deus nos ama por isso. Aonde os “ajustados” vêem tudo, não vemos nada e aonde eles não vêem nada, encontramos o nosso tudo. Enfim, parece que estamos entendendo o que Jesus quis dizer quando falou aos discípulos:

“Aquele que quiser se achegar a mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser ganhar a sua vida, deve a perder. E aquele que perder a sua vida por amor do meu senhorio, já ganhou outra infinitamente melhor.”

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

SEJA VOCÊ!

Ser. Existir. Acreditar. Viver.

Palavras que moldam nossa vida e ao mesmo tempo nos trazem dúvidas cruéis capazes de nos tirar noites de sono.

Pense comigo! Você é você mesmo? Você existe? No que acredita? Como é tua vida?

Existem pessoas que passam a vida inteira sem perceber quem são realmente. Vivem uma vida medíocre sem saber o grande significado de sua existência. Vivem de aparências, vestindo máscaras, escondendo sua personalidade e a trancafiando nos porões da alma.

Pare e responda! Você vive de máscaras?

Máscaras são falsas personalidades que alegamos ter para a esconder o que somos na verdade. Usamos muitas máscaras. Às vezes temos medo do que as outras pessoas poderiam pensar de nós mesmos, ás vezes vergonha, enfim, ofuscamos nosso verdadeiro eu para satisfazer nosso desejo de ser aceito.

Doce ilusão! Perdemos o melhor que a vida nos tem pra oferecer e acabamos num poço profundo de solidão. Solidão não é a falta de pessoas, mas sim com a falta de ser você mesmo. Esse é o verdadeiro pecado da existência: não ser você mesmo.

Essa é a vontade de Deus e o sentido da existência: ser você mesmo e se encontrar com tudo que existe de bom dentro de você e que foi criado por Deus. Não tenha medo de ser você, pode ser estranho ou até mesmo bizarro, como diz a canção, mas é a única forma de sermos realmente felizes.

Não perca mais tempo! Hoje mesmo olhe para o seu interior e procure o que está escondido. Lá! No porão da alma existe uma personalidade presa que está doida pra sair e cantar a canção da sua existência.

Sem medo de errar, sem repressões, liberte-se!

E acredite:

A vida pode ser aquilo que se crê! Seja você!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Pecca Fortiter

Livre de imposições autoritárias
e rompendo com o sistema da escravidão,
pude encontrar alívio pra minha alma
e alegria para o meu coração.

Tanto tempo perdi me iludindo,
pensando que meu pudor me salvaria,
mas descobri que não é esse o caminho,
pois nele logo eu me mataria.

A essência da graça está na liberdade,
romper as barreiras e transgredir a lei,
liberar o seu canto, atingir a verdade,
sem medo de errar, buscar a liberdade.

Os sonhos que me inspiram agora são outros,
a verdade que encontrei purifica o coração.
O certo e o errado dentro de mim agora estão soltos,
revelando-me a verdade dissipando a ilusão.